O amor é vermelho e tem medo de perder
e se preocupa com cartas não respondidas
com o silêncio do telefone
e a falta da palavra meuamor
O amor é feito de ausências e dependências
de encontros desmarcados e acertos
de memória e corpo
Se está longe
o amor deseja estar perto
Se está perto,
não sabe o que fazer com as mãos
nem com as palavras
Em geral,
o amor perde tempo na repetição de tudo:
do verbo
ao toque
E porque sabe que é feito de finais
o amor nunca começa
Ou se perde no momento em que inicia
O amor vicia
***
suzana vargas
*
Só me lembro que atrás de nós havia um morro,
a mata
No centro, a música, o violão
Fazia frio e nuvens
se aqueciam pelo som.
Havia, entre outros,
uma água
um menino cortando cabelo na beira da casa
as tangerinas no pé.
Do grupo, um homem
me perguntava
sobre a melhor forma
de começar um banho
sem reparar no profunda da questão
- Entro devagar
ou de uma vez por todas? perguntou
- Por todas, respondi
Não há céu ou inferno
que comece devagar.
***
Suzana Vargas
Alegrete (RS) - Brasil (1955)
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