Para quem eu seja
a verdade física de minha existência.
E as emanações de um perfume,
de onde o inefável se recomponha
de seus ossos, nenhures,
fraturas do incontável.
Reordenar memórias,
eu que não habito
o que é meu em ti,
obliterada
na ubiquidade da matéria,
transida – de inevitável,
eu, que a mim, em ti,
o que seremos?
***
roberta tostes daniel
*
Já a viver de memórias,
onde os passos agudam-se para o mundo;
na espessa carne, a fronteira, fardo
de um inútil ditame.
As mãos, quanto se assenhorem
do anonimato dos gestos, da partida;
a insubstância de dentro
suga e se apodera da vida.
Mãos e pés destinados
regressam ao mais longe,
errando numa espécie de fim;
vão recordando este começo.
***
roberta tostes daniel
*
como a mulher me derrama
sob as bençãos do meio dia.
Vejo teu quadro, Georgina,
é verão, estamos sós,
logo mais, a tarde
também cairá sobre mim.
Podemos falar
de ausência à ausência.
Até que teus visitantes,
com seus olhos desprezados pelo mundo,
me encontrem aqui
entre teus cabelos?
na vaporosidade do vestido?
É o modo como o teu corpo afasta
o tecido, o que te veste.
A duração da cor
movimenta o teu nome
entre a flor e o suor,
minha solidão.
***
roberta tostes daniel
*
Os tímidos
Não esmorecem
As rosas.
Singram para o olfato
Não sabem onde
Ancorar as mãos.
Navegam
O desejo do toque
E transbordam.
Perfumes carregam
No ar
O desejo da cor.
***
roberta tostes daniel
*
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