Houvo um tempo em que nom existiam muros
nem arames farpados sobre a terra,
Houvo um tempo en que nom havia leis, houvo um
tempo em que nom havia hierarquias
Houvo um lugar onde a dor era desconhecida, onde o
sol nos quecia a todos e a chúvia nos cobria de vida.
Houvo um dia diferente aos nossos dias, no que nom
era necessário morrer por ideais, nem por bandeiras,
nem por deuses, nem por interesses geopolíticos
Houvo um momento no que o ser humano
Ainda nom descobrira a poderosa droga da sobérbia
Conto-me este conto, porque gosto acreditar que houvo
um tempo melhor
No que tínhamos sentido
***
ramiro vidal alvarinho
*
O futuro é umha sinistra gaivota que ri na esquina mais
desapercibida da manhá
E o guiom vai transcorrendo, fatal
Num devalo difusso e aterrador
Que o pano caia sem fazer muito balbúrdio
E o que tempo leve o dia de hoje ao esquecimento
***
ramiro vidal
*
O frio da manhá fai honor à despedida
Acompanha o final perfeito
Esse no que nada sugire
Que deixes algumha cousa atrás que pague a pena
E a ria brava é um monstro famento
Fero e pestilente
Que te engolirá com umha violência implacável
...e o umbral é questom de um instante escasso;
apenas salta e esquece.
***
ramiro vidal
ferrol, 1973
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