O sol e o mar recolhem-se na infância
De áridasterras e de casas frias.
São um ser que já foi, nesa distância,
De estar no Tempo em praias de outros dias.
Por dentro, é a penumbra do casulo,
cerrado à luz na expectativa informe.
Se vou nascer - a vida não regulo;
Se vou morrer - a morte ainda não dorme.
Tinha histórias de espectros para contar,
Labirintos de seda para correr.
Tudo que foi o inverno do luar,
Numa cidade de água a amanhecer...
***
natércia freire
benavente (1920 - 2004)
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Quente, o teu coração quente
pulsa no lusco-fusco.
Palpita em toda a casa
deserta que nos vê.
Galga as sacadas altas,
corre nas avenidas.
É o silêncio do amor
que abre as veias na tarde...
Quente, o teu coração quente,
é uma estrela escuro
que a pele das tuas mãos
prolonga em minha pele...
quem te amou e é já morto
renova a primavera.
Oh! doce comunhão
de desejo e infinito,
de saudade e de céu,
de paraíso e grito!
Água clara e tremente
a boca, a sede, a fonte.
Flor de sangue à corrente
o teu coração quente.
***
Natércia Freire
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Batem à porta de noite.
Vou abrir. Ninguém entrou.
Entra uma nuvem de gritos,
Um relâmpago de pranto.
Sobem a escada. E entretanto
Dizem que são quem eu sou.
***
Natércia Freire
Benavente (1920 - 2004)
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