Ela tem o corpo levemente inclinado
acompanhando, também com a cabeça,
a bela doçura do olhar que a tarde continua
e que mistura, ao rumor da alegria,
para cujo lado o rosto se inclina,
a sombra já, como conjura, de uma
quase visível nostalgia;
nele há um pouco mais de desajuste,
de susto, corpo grande e no entanto pueril,
no fruste meneio das mãos atrapalhadas,
aos atoleiros da vida desatreito, cerrado,
viverá entre caçadas e cães
e morrerá na Ria
***
maria andresen de sousa
*
Queria o sol tosco inacabado
queria o vento tempestuoso batendo palmas entre as folhas
queria a ignorância, a primeira ideia, o sol
queria a pobreza, o ar, o apodrecimento, a terra
porque o vento do não senso trespassa-nos de vida - o nexo
do insensato, do insensível -
o não senso da vida, o seu nexo
***
maria andresen
*
Pedras de silêncio somos
se atalhos há
são filamentos ténues
quebradiços
Chamei-te
uma pedra de silêncio
somos todos
uma pedra hirta
ao sol
***
Maria Andresen de Sousa (1948)
adelia prado(5)
adilia lopes(8)
al berto(6)
alba mendez(4)
anxos romeo(4)
augusto gil(4)
aurelino costa(11)
baldo ramos(6)
carlos vinagre(13)
daniel maia - pinto rodrigues(4)
fatima vale(10)
gastão cruz(5)
jaime rocha(5)
joana espain(10)
jose afonso(5)
jose regio(4)
maite dono(5)
manolo pipas(6)
maria lado(6)
mia couto(8)
miguel torga(4)
nuno judice(8)
olga novo(17)
pedro mexia(5)
pedro tamen(4)
sophia mello breyner andressen(7)
sylvia beirute(11)
tiago araujo(5)
yolanda castaño(10)
leitores amigos
leituras minhas
leituras interrompidas