ouço o diabo
diz-me que faça da ida ao barbeiro
um poema
um poema com enredo
e métrica difícil
talvez então
amanhã
levante o véu à virgem morta
tudo se distingue
o meu irmão em Odessa
uma aranha gigante
um tiro da janela para a rua
***
joão almeida
*
desço por um jardim transparente
entre lodo e hortelã
andam assistentes sociais pelo bosque
à procura de pobres
agitam contam e berlindes
acaba aqui a rédea solta, há que escolher as armas
troco à sombra do derradeiro cipreste
dois versos e um dedo
por uma noite de sono e um detonador
***
joão almeida
*****************
Enquanto baloiçam os acordes da misericórdia
olho a má companhia em que nos tornámos
presos ao passar das folhas
a cheirar o fundo das palavras
ou à espera de objectos brancos
que só podem existir à noite
Billy Budd enforcado, o bem natural
apanhado na gordura da pele
os quevivem
fumam debaixo do derradeiro cipreste
ninguém desconfia
falamos pouco, expiamos pelo nariz
e pelo menos um de nós
não vao cumprir o que prometeu
***
joão almeida
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