Meu Deus, como compreendo a tua hora,
quando tu, para que ela no espaço se arredondasse,
a voz à tua frente colocaste outrora;
para ti o nada era como uma ferida que não sarasse
e tu refrescaste-a com o mundoi.
Rainer Maria Rilke
[tradução de Maria Teresa Dias Furtado]
qunatos dias teus
estiveram de pousio,
no que foi o terceiro
dia de deus?
quantas sementes
colocaste de infusão
dentro do silo
onde se guarda o tempo?
a quantas árvores
deste o nome da terra?
quantas vezes a cor foi,
na tua mãoi
a prece lavada
do silêncio do mundo?
o lume dos regressos,
esse estrondo de pétala
que põe claridade
na cinza do brilho,
esteve, sempre, dentro
dos teus olhos.
dizer da criação,
nunca te foi estranho,
como nenhum segredo branco
de uma ferida de luz.
que idade tinhas
quando a primeira árvore
te disse para subires?
***
emanuel jorge botelho
*
o poema está, sempre, na dobra
do papel.
o poema gosta de esquinas
de moldura.
o poema prefere o papel pardo.
o poema sabe que só a morte é lisa.
***
emanuel jorge botelho
açores, 1950
*
adelia prado(5)
adilia lopes(8)
al berto(6)
alba mendez(4)
anxos romeo(4)
augusto gil(4)
aurelino costa(11)
baldo ramos(6)
carlos vinagre(13)
daniel maia - pinto rodrigues(4)
fatima vale(10)
gastão cruz(5)
jaime rocha(5)
joana espain(10)
jose afonso(5)
jose regio(4)
maite dono(5)
manolo pipas(6)
maria lado(6)
mia couto(8)
miguel torga(4)
nuno judice(8)
olga novo(17)
pedro mexia(5)
pedro tamen(4)
sophia mello breyner andressen(7)
sylvia beirute(11)
tiago araujo(5)
yolanda castaño(10)
leitores amigos
leituras minhas
leituras interrompidas