As tuas cartas vêm tocadas
duma ideal melancolia
não sei quem és, e todavia
beijo essas letras desmaiadas.
Como as violetas perfumadas
que a sombra esconde à luz do dia,
as tuas cartas vêm tocadas
duma ideal melancolia.
Nas minhas horas tresloucadas,
horas de febre e de agonia,
como esperança fugidia,
de mil quimeras iriadas,
as tuas cartas vêm tocadas...
***
António Feijó
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Como a concha de nácar luminoso
Em que Vénus surgiu, risonha e nua,
A Galera vogava ao sol radioso
Com a graça dum Cisne que flutua.
Soltas ao vento as velas de brocado,
Ao som das Liras, sobre o rio imenso,
Dos remos de oiro e de marfim sulcado,
O destino do Mundo ia suspenso!
Como nuvens correndo, as horas passam;
Já se divisa o porto; o Sol declina,
E enquanto as velas, marinheiros, cassam,
Ela que um sonho de poder domina,
Diante do espelho, a reflectir, perscruta
Do seu corpo a beleza profanada,
Como o rufião nocturno, antes da luta,
Examinando a lâmina da espada!
***
António Feijó (1859 - 1917)
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