equinócio dos acrobatas defloro
maquinista que desenha com as duas mãos abertas
na carranca invisível do tempo outras nuvens
dois moleques debocham - esquecendo o lodo da história
olhos que viajam no vôo das aves
rua mansa hoje explodiu em congado
cantos ritmavam ainda mais o batuque
as agulhas se transformaram em víboras
este menestrel de soluços grandiosos
ama o silêncio das cores - fotografias de algodão doce -
instantes que choram
vazio de tanta misericórdia meu verso não tem disciplina
garatujas se confundem com a carne
alfaia de incertezas transcende
aqui trapo de voz representa o fôlego
imagina se todas sonhassem
se as paredes reclamassem vida
quem nos acordaria
com que relógio brindaríamos o tempo
sei que o néctar do capital é pálido
que as proezas do sanfoneiro se acomodaram nisso
mas yatiri fortalece as corolas
fogo libertando a língua
aprumo de parábolas o grito
na frente do mar nem pude saciar a sede
maresia de alma - coração na boca
veio verdejante - primaveril - o gozo
os albergues da razão continuam fechados
espelho me propaga desastre
a ilusão da pele
o reflexo do olho dentro d’água
longe daqui uma melodia pede passagem
tanto que já nem se organiza o peso
***
alain bisgodofú
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