Não há quadros dos meus antepassados
nem livro de família,
não conheço os seu legados,
suas faces, almas,vida.
Mas sinto o pulsar ancestral,
nómada, impetuoso sangue.
Furioso, desperta-me do sono nocturno,
encaminhando-me ao primeiro pecado.
Talvez a minha bisavó de olhos negros,
calças de seda e turbante,
tenha fugido a meio da noite
com algum louro khan estrangeiro.
Talvez o trotar dos cavalos tenha ressoado
pelas planícies do Danúbio
e o vento, encobrindo seus vestígios,
os tenha salvo do vingador punhal.
Talvez por isso tanto ame
a estepe inatingível ao olhar,
o intempestivo voo dos cavalos
e a livre voz do vento.
Talvez seja falsa e pérfida
e pelo caminho me dome,
sou na realidade tua filha,
minha consanguínea mãe - terra.
***
Elissavéta Bagriana
Bulgária (1893 - 1991)
***********************************************
[trad: vítor tiago / j. c. gonzález]
adelia prado(5)
adilia lopes(8)
al berto(6)
alba mendez(4)
anxos romeo(4)
augusto gil(4)
aurelino costa(11)
baldo ramos(6)
carlos vinagre(13)
daniel maia - pinto rodrigues(4)
fatima vale(10)
gastão cruz(5)
jaime rocha(5)
joana espain(10)
jose afonso(5)
jose regio(4)
maite dono(5)
manolo pipas(6)
maria lado(6)
mia couto(8)
miguel torga(4)
nuno judice(8)
olga novo(17)
pedro mexia(5)
pedro tamen(4)
sophia mello breyner andressen(7)
sylvia beirute(11)
tiago araujo(5)
yolanda castaño(10)
leitores amigos
leituras minhas
leituras interrompidas