E Deus saía na televisión
e falaba ó seu povo, pero a nós
levábanos por outra vía o zoar da roupa branca e tendida
ó aire de deserto e lúa sen sono. Recordo aquela tarde,
a seca dos ollos que fitaban a estrada coma un verme,
escravos para sempre do arrecendo do pó e de herbas murchas,
inocentes ollos ó compás dos paxaros que inzaban
na praza dos homes que inzaban, inocentes ollos, na praza.
Podo decir que non fomos xa os mesmos
no camiño de retorno, pero non o sabíamos
aínda. Foi máis tarde cando todo empezou.
***
Helena Carlos (1964)
Cenlle - Vigo (Galiza)
BUTERA
E Deus aparecia na televisão
e falava ao seu povo, mas a nós
levava-nos por outra via o zoar da roupa branca e estendida
ao ar de deserto e lua sem sono. Recordo aquela tarde,
a secura dos olhos que fitavam a estrada como a um verme,
escravos para sempre do perfume do pó e de ervas murchas,
inocentes olhos ao compasso dos pássaros que infestavam
a praça dos homens que infestavam, inocentes olhos, na praça.
Posso dizer que não fomos já os mesmos
no caminho de regresso, mas não o sabíamos
ainda. Foi mais tarde quando tudo começou.
[trad: cas]
adelia prado(5)
adilia lopes(8)
al berto(6)
alba mendez(4)
anxos romeo(4)
augusto gil(4)
aurelino costa(11)
baldo ramos(6)
carlos vinagre(13)
daniel maia - pinto rodrigues(4)
fatima vale(10)
gastão cruz(5)
jaime rocha(5)
joana espain(10)
jose afonso(5)
jose regio(4)
maite dono(5)
manolo pipas(6)
maria lado(6)
mia couto(8)
miguel torga(4)
nuno judice(8)
olga novo(17)
pedro mexia(5)
pedro tamen(4)
sophia mello breyner andressen(7)
sylvia beirute(11)
tiago araujo(5)
yolanda castaño(10)
leitores amigos
leituras minhas
leituras interrompidas