a quem mais
importaria que as mãos
de Philipp Naujoks
pareçam-se
com as de Paul Celan
em uma foto aos 18 anos
senão a mim que as
amo feitas em sua forma
corporal de coisas
naturais busco dar-lhes
um significado para
que passem a existir
e digo: "eu
vejo nelas o partir
do pão de minhas
expectativas" e quando
elas em acidentes
deliberados tocam-me
sei do sangue correndo
para irrigar obediente
minha pele
sob o jugo destas
mesmas
mãos
cujas feições e textura
reconheço entre as
centenas já vividas
a ponto de revê-las
nas mãos deste
morto
que escreveu "esta mão
que beijei alumia-se
às bocas" e murmurar
para mim mesmo na
escuridão da gengiva
a semelhança de unhas
dedos carpos oito
ossos
dispostos
em duas fileiras
e fechar os olhos e cerrar
os dentes e pensar quando
novamente as contingências
excedam sua escala de
permanência e atrevem-se
a querer mais como todos
nós dizemos mais cedo
ou mais tarde não
queria que acabasse
mas o tempo
todo a água entornando
de um copo para
o rio e o braço
levando o copo de
volta à água provam que
continente e conteúdo
em certos momentos
confundem-se
(o prazer descarta-os)
para nossa vitória
***
Ricardo Domenek (1977)
São Paulo - Brasil
adelia prado(5)
adilia lopes(8)
al berto(6)
alba mendez(4)
anxos romeo(4)
augusto gil(4)
aurelino costa(11)
baldo ramos(6)
carlos vinagre(13)
daniel maia - pinto rodrigues(4)
fatima vale(10)
gastão cruz(5)
jaime rocha(5)
joana espain(10)
jose afonso(5)
jose regio(4)
maite dono(5)
manolo pipas(6)
maria lado(6)
mia couto(8)
miguel torga(4)
nuno judice(8)
olga novo(17)
pedro mexia(5)
pedro tamen(4)
sophia mello breyner andressen(7)
sylvia beirute(11)
tiago araujo(5)
yolanda castaño(10)
leitores amigos
leituras minhas
leituras interrompidas