Há caleidoscópios no interior de certas bibliotecas
que se conservam na abóbada regular das resignações
de simétricas esperanças de persistentes palavras
com emaranhadas aranhas nos filamentos da hesitação
a aterrar na luminosa folha da intenção imprecisa
a visitar as estátuas
a amargar a rima
na convalescença da pedra
por entre condutas de gás lacrimogéneo
bibliotecas inteiras voltadas para a tarde
num assobiar de dentes de tédio
onde num amarrotar de poetas
apenas um reflectido dilúvio de noites certas
íris onde semiluas de aparição vagas atravessassem
os livros as mãos carregadas
as clavículas das letras apagadas
as letras taciturnas as letras coalhadas
na platónica cidade com o suprimir do grito definitivo
com a mudez dos mimos a penetrar os corredores
das cativas palavras decisivas
pelo olhar triste da estátua que passa
pelo estreito sorriso de uma ideia marioneta
jaz o Poeta
jaz o Poeta Último
na república incompleta
jaz o Poeta
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constanza muirin
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adilia lopes(8)
al berto(6)
alba mendez(4)
anxos romeo(4)
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