Os olhos mordem o corpo e as mãos são úteis e triviais, formas de prolongar os gestos mais insensatos num teclado de tácticas brancas. Há sempre gente que passa. A tarde é demasiado sólida para permitir uma festa na galáxia do caos. Há, ainda por cima, uma procissão de crianças a pé, de patins, de bicicleta, às cavalitas de um sonho com uma neoplasia original na metade superior direita da sua realização inquebrável. Tudo parece demasiadamente digestivo e o sol hospeda a normalidade junto dos lugares inevitáveis e universais. Tudo parece desencorajar a prática abrupta, o exercício na extremidade passional, o instinto da excepção, o focinho da deslealdade. Tudo parece ameno e vagamente victoriano, com adultos que passam com a elegância e a mística do seu tempo e do seu bem-estar, com os relinchos dos cavalos dentro da sua pose aristocrática, com palácios em cada passo, silêncio no pensamento, civilização e realce. Mas os olhos daquele homem continuam a morder o corpo da mulher que se sentou ao seu lado na esplanada daquele café, perto do centro da cidade. Continuam a pedir um certo tipo de resgate e um certo tipo de explicação.
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andré domingues
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