um trompete dança-me agora a medo
sopros abertos por dentro
erguem-me os braços e bailam para longe
é exacta a saudade entre os meus braços
e as pernas calçadas de margens sem mim
sei das paisagens mas entre as minhas pernas e o horizonte
sempre houve danças que não entendo
prefiro a superfície da música
sem direcção, um gesto em vez de um passo,
o movimento das pernas não pode escrever-te num quarto escuro,
só mãos a abrir um corpo
sem pernas o amor é de braços longos capazes de calar a linguagem das árvores
quando já só existe um vento fino ao piano,
os braços não caem
e um movimento de alegria tem que ondular pelo corpo acima
seguro, quando rodas
os teus braços levantam um pólen tão ordenado como o das abelhas
que recolho nos meus
e se os vires desvanecer em direcção pouco certa
nesse instante diz-me adeus, como se só as pernas me tivessem partido,
tem cuidado meu amor com a inveja que as palavras têm dos braços
um gesto ouve-se menos que um passo
e o nosso abraço roda sem atrito
vês, como se ergue ligeiramente
e vai dispersando a terra que lhe cai em cima
os teus braços não são teus
são duas rezas minhas
***
joana espain
*
adelia prado(5)
adilia lopes(8)
al berto(6)
alba mendez(4)
anxos romeo(4)
augusto gil(4)
aurelino costa(11)
baldo ramos(6)
carlos vinagre(13)
daniel maia - pinto rodrigues(4)
fatima vale(10)
gastão cruz(5)
jaime rocha(5)
joana espain(10)
jose afonso(5)
jose regio(4)
maite dono(5)
manolo pipas(6)
maria lado(6)
mia couto(8)
miguel torga(4)
nuno judice(8)
olga novo(17)
pedro mexia(5)
pedro tamen(4)
sophia mello breyner andressen(7)
sylvia beirute(11)
tiago araujo(5)
yolanda castaño(10)
leitores amigos
leituras minhas
leituras interrompidas