Uma máquina de fazer sumo da Terra e não haver sumo na Terra,
senão suor proveniente da máquina e do seu esforço incómodo,
humilhante e repetido para o conseguir.
Uma máquina de barbear mentiras, mas sem lâminas capazes de
cortar rente os pêlos encravados das mentiras. A face mentirosa
cheia de pistas de sangue e pequenas insurreições, mas a barba
intacta, como se as mentiras fossem parasitas de ferro e amassem
os pêlos em toda a sua extensão e península.
Uma máquina de costurar segredos. Segredos desfeitos. Impossíveis
de coser. Nem com a linha mais inventiva. A paciência mais pálida e
solene. A precisão de deus quando opera a sua autonomia relativa. E
os segredos degradados, como doentes parkinsónicos, perdidos de
riso, fazendo tremer o repouso onde a inutilidade de tudo exerce a
sua vocação vazia.
Uma máquina de fazer máquinas de fazer cócegas a tudo isto.
***
André Domingues
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