O livro em viés para o raio de sol, a nódoa
na mesa de jantar. 0 marido
que pende estrangulado do telhado, a viola
que tange nas mãos do pensador, o brilho
na carne maltratada da vizinha, o garfo
que pica o prato azul e branco. O nó
que aperta todas as janelas, a secretária coxa
que olha em volta, o alfinete
de ama no bulício das seis horas, o tambor
nas mãos do tarata triunfante, a mescla
de céus entre os telhados, o copo
de espaços entre os bares ao fim da noite, a serpentina
de céus entre os telhados, o copo
de espaços entre os bares ao fim da noite, a serpentina
errante, o cavalo que passa, o navio sequioso
de manhã, a mala de viagem, a dança
à roda da garagem, a luz violeta
de certos cemitérios, o cigarro sem filtro
abandonado, o castanho sem nome. Por motivo de obras,
volto já, estarei de regresso. Ninguém
sabe onde está a campainha e o jornal, a esposa por dentro
do casaco, o santo na catedral, o cão
perdido para sempre, o grito pela rádio.
***
isabel cristina pires
*
adelia prado(5)
adilia lopes(8)
al berto(6)
alba mendez(4)
anxos romeo(4)
augusto gil(4)
aurelino costa(11)
baldo ramos(6)
carlos vinagre(13)
daniel maia - pinto rodrigues(4)
fatima vale(10)
gastão cruz(5)
jaime rocha(5)
joana espain(10)
jose afonso(5)
jose regio(4)
maite dono(5)
manolo pipas(6)
maria lado(6)
mia couto(8)
miguel torga(4)
nuno judice(8)
olga novo(17)
pedro mexia(5)
pedro tamen(4)
sophia mello breyner andressen(7)
sylvia beirute(11)
tiago araujo(5)
yolanda castaño(10)
leitores amigos
leituras minhas
leituras interrompidas