nesta sensação de queda em que o meu corpo mutável se encontra
existe uma suspensão de tempo
dentro da cabeça falam-me várias línguas
raramente as entendo por fora
faço vida num rés do chão por conta d'outrém
não conheço nenhum dos fantasmas que dançam à minha volta
nem creio que eles me percebam pois estou sempre a surgir e moro num silêncio galopante
os sonhos fugiram-me por cima do telhado
deixaram um rasto de gosma brilhante sobre as ondas de barro
e dentro dos livros
das chávenas
das gavetas mal fechadas
aparecem-me nereidas de várias cores
que dobram os panos amontoados ao lado da cama
dançando
fico possuída de desejo ao vê-las tão deslumbrantes dentro dos meus olhos
que me envolvo a remendar peúgas inteiras para os pés do horizonte
***
fátima vale
*
19 de abril 2013
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