E, de repente, a carta traz
a manhã eterna da minha
infância. Escorre docemente
do envelope a rua estreita
que me parecia só acabar
no mar. No sorriso sempre calado
excepto para as plantas e as crianças
da minha avó.
Tudo tão alto então - as casas,
as árvores, os braços que desciam
muito para me receber -
que não fixei o céu.
Mas sei agora que, se olhar
mais demoradamente, se
deixar o tempo assentar,
na rua da minha infância
já sentirei o sol a queimar o futuro
e o desmoronar tímido
da última casa em que podia deixar confiadamente o coração
para ir correr mais leve.
***
inês dias
*
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