Armas de arremesso
A esplanada cheia de velhos
que falam do voo rasante
dos pombos sobre os telhados marítimos.
de corpo habituado à invisibilidade,
sabes que, ao falarem do voo dos pombos,
os velhos reproduzem códigos
que apenas outros velhos entendem.
tudo é assim há séculos:
sábios esquecidos entre copos e garrafas,
cartas gastas e barcos naufragados
no alto coração da cidade
não há aqui, porém, atropelos,
nenhum voo interrompido,
e mesmo quando o diálogo se prolonga,
sôfrego, até à evidência de que nenhum homem
é perito em armas de arremesso
tu, renascido kalkhas, ouves nitidamente
outras palavras: falhar é uma bênção
para quem atira pedras aos céus.
***
paulo tavares
lisboa, 1977
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