indecente rimar, uma criança a esbugalhar os olhos de pavor. uma cidade a arder. a governança do mundo a esquivar-se: a sua dança rima obscenamente com timor. indecente rimar. lua assassina. uma rajada e outra. um estertor. um uivo, um corpo, um morto em cada esquina. honra do mundo que se contamina no arame farpado de timor. indecente rimar sândalo e vândalo. sacode a noite apenas o tambor das sombras acossadas. tens o escândalo que te invadiu a alma, mas comanda-lo? onde te leva o grito por timor? indecente rimar pois também rimam temor, tremor, terror e invasor por mais hipocrisias que se exprimam enquanto de hora a hora se dizimam os restos do que resta de timor. indecente rimar: mas nas florestas nunca rimaram tanta raiva e dor a às vezes são precisas rimas destas, bumerangue de sangue com arestas da própria carne viva de timor. *** Vasco Graça Moura (1942) Porto (Portugal)
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