"Os porcos conseguem digerir todo o corpo
Humano, excepyo os dentes"
Dum jornal diário em 4.8.2010
Amar para lá do sangue, até aos dentes.
Um Romeo adulto, vários Julietas, entorses no desejo
Se conjugam
E a tragédia resfolga nas pocilgas da alma.
A ternura afocinha, os risos têm pressa,
O sexo embrulha-se, a alegria
Explode, os corpos desabrigam-se,
Depois desaparecem.
Amar para lá da ambição das feras,
No rescaldo da fúria traduzida em músculos.
Os punhais da droga atravessam as nádegas,
A língua suplica, os olhos ficam vítreos.
Npites de província urbanizadas
Por cruéis ondas sensuais.
Falar para lá dos crimes iluminando os rostos
Com a voracidade assassina do ciúme.
Sentir no ar uma corrente uma corrente grotesca
Irrespirável
Porquê? Como se o porquê não fosse ele próprio
Todas as respostas.
Desvendar para lá do poema a turva solidão
Do criminoso.
Ébrias de mistério as palavras soltam-se das mortes,
Como pedaços vivos de paixões em sangue.
Entre os passos de supostos amantes, as moscas
Zunem fúnebres junto às cabeças de pedra de gnomos e duendes,
De suína intenção policial.
Ó amores erguidos sobre ossos espúrios, noivados sepulcrais,
Com véus feitos de lua e de arrepios nocturnos,
Subi este poema à condição sublime
E dai-lhes visões de alma menos animais.
***
armando silva carvalho
(óbidos, 1938)
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