Sento-me na varanda
quando são de seda
as tardes de Verão.
A cadeira balouçante na brisa,
perdidos os olhos, a memória e os sentidos
no perfil azul-sombrio da Serra do Marão.
Contudo,
terra minha mais do que Maranus
e Britiande, em Lamego,
é Gaia, a biosfera,
lápis-lazúli de ânsia
em que vogam, gigantes,
as Victoria regia das estrelas.
E mais terra ainda do que essas
é a secura desta falta de sementes
amara duna
o nada florir a nascente
além da vinha e dos pomares
como reconhecida cultura.
Vai morrendo lentamente a esperança
e sei que somos nós o parasita
terra que à terra volveremos
sem o bombom de um novo ab initio.
Numa qualquer tarde sem ar limpo
nem límpida transfusão da luz
pela vidraça de fumo atmosfera
mergulharemos no nada como o precipício
em que se aterra sob o seu próprio peso
o céu outrora anil-olímpico
agora da saudade o xaile verde.
Do pó ao pó – eis a Terra.
***
maria estela guedes
*
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