Há muito que regressara da viagem
que o conduzia a paisagens onde,
de tão varrida, a linguagem já não
sabia onde se situar na literatura.
Com isso o que aprendera?
Hoje, tinha dificuldade em acreditar
que o quarto que lhe servia de vigia
o poderia salvar do naufrágio por
que se salda qualquer tentativa
de compromisso com o futuro.
Não eram ventos adversos,
ou correntes, mas o estômago
que se resolvia de cada vez
que a mão tocava as asperezas
do fundo. Era assim que queria
ser lido: como um pensamento
que encrespa as imagens e lhes
comunica a energia que, por
escrito, pareciam já ter perdido.
Guardariam as letras o fulgor
do tesouro que hoje, como ruína,
lhe era devolvido? Restaria
outra alternativa que não fosse
a do crime? Quando regressávamos,
as palavras de que nos servíamos
já não tinham qualquer cotação
e uma dúvida perseguia-me:
para se certificar do vazio
valeu sequer a pena ter partido?
***
théodore fraenckel
*
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