Diz alguém que a despedida
Nada custa ao coração;
Quem tal diz que se despeça,
E verá se custa ou não.
Ó triste segunda-feira
Da semana que há-de vir,
O meu amor diz que embarca:
Quem o há-de ver sair?
Nesta cruel despedida,
Diz, amor, que hei-de fazer;
Levar-te não é possível,
Deixar-te não pode ser.
Meu amor na despedida
Nem uma fala me deu;
Deitou os olhos ao chão,
Ficou a chorar mais eu.
Mal o haja o bem-querer,
A mim própria me praguejo,
Não há um Deus que me leve
nas horas que te não vejo!
Como o vento é para o fogo,
É a ausência para o amor:
Se é pequeno, apaga-o logo;
Se é grande, torna-o maior.
Desgraçado malmequer,
Onde vieste nascer.
Aonde não há saudades,
Não pode haver bem-querer.
Ao Penedo da Saudade
Todos se vão recordar,
Todos dizem: bem me lembro!
Todos voltam a chorar.
Se fossem pedras as lágrimas
Que eu por ti tenho chorado,
Já formavam um castelo
No centro do mar salgado.
(...)
***
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Jaime Cortesão (1884 - 1960)
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