sei esta paisagem de cor por outras coisas: coisas-nada ou coisas-vinho
sei o tempo que escorre para lá da folha de papel e se derrete,
até aos dedos dos pés,
como um acabar lento de espaço e de melancolia.
há um apagar de horas sobre a mesa de centro,
conto os anos que faltam para avistar a solidão e caminho,
e prendo entre os fios de cabelo a recordação de um final de dia com sabor a azul.
vi em postais gastos de sépia e de esperança, este esplendor de sufoco e de vida:
um caminho estreito ladeado de ciprestes, desembocando numa casa em ruína.
soube os meus braços pendendo das janelas da casa,
>e os meus joelhos no lugar das fundações;
a minha cabeça era um telhado quebrado pelo vento
e os meus olhos ninho de um qualquer ser esvoaçante de passagem sazonal.
***
marlene jabouille
lisboa, 1987
*
adelia prado(5)
adilia lopes(8)
al berto(6)
alba mendez(4)
anxos romeo(4)
augusto gil(4)
aurelino costa(11)
baldo ramos(6)
carlos vinagre(13)
daniel maia - pinto rodrigues(4)
fatima vale(10)
gastão cruz(5)
jaime rocha(5)
joana espain(10)
jose afonso(5)
jose regio(4)
maite dono(5)
manolo pipas(6)
maria lado(6)
mia couto(8)
miguel torga(4)
nuno judice(8)
olga novo(17)
pedro mexia(5)
pedro tamen(4)
sophia mello breyner andressen(7)
sylvia beirute(11)
tiago araujo(5)
yolanda castaño(10)
leitores amigos
leituras minhas
leituras interrompidas