Há nuvens para tudo
para todos os gostos.
Ou barcos parados
no céu ondulado
dastardes de Agosto
ou lenços rasgados
pelos nervos do vento
dum maio indisposto.
Há nuvens para tudo
em nuvens havendo.
Ou damas rosadas
pisando azinhagas
dos fins de Setembro
ou velhos barbaças
deitando fumaças
por todo o dezembro.
Há nuvens para tudo
rolando nos olhos.
Comboio correndo,
camisas de folhos,
leões indolentes,
corujas, serpentes,
cascatas, torrentes,
rochedos e escolhos.
Há nuvens para tudo
e, às vezes, sem querer,
um céu branco e mudo,
cortina em veludo,
que não deixa ver
as nuvens desnudas
que ensaiam e mudam
o ser e o patecer
para o baile de entrudo
do nosso prazer.
***
António Torrado (1939)
Lisboa - Portugal
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