i
permanecer sob a fresta de sol
isso das costas coladas à parede fria
para que me atinja em cheio
ii
a manhã que começa
no quintal do silêncio mútuo
orvalhando em uma samambaia de folhas truncadas
iii
e já cai com a língua de fora:
mesmo clara, é cadela à procura
exposta, triste que só o diabo,
sussurrando samba
e de quatro
iv
quando nota, virou tarde,
e com uns ares
de estação errada
sobra-lhe, enquanto noite,
uma veia que lateja na cabeça
roxa
como fosse motivo
v
como fosse solução isso de mover-se
sob raios para buscar cura
para buscar ternura
vi
e levar ambas na concha das mãos, pontualmente
para que te atinjam em cheio
***
carina carvalho
s.paulo, 1989
*
adelia prado(5)
adilia lopes(8)
al berto(6)
alba mendez(4)
anxos romeo(4)
augusto gil(4)
aurelino costa(11)
baldo ramos(6)
carlos vinagre(13)
daniel maia - pinto rodrigues(4)
fatima vale(10)
gastão cruz(5)
jaime rocha(5)
joana espain(10)
jose afonso(5)
jose regio(4)
maite dono(5)
manolo pipas(6)
maria lado(6)
mia couto(8)
miguel torga(4)
nuno judice(8)
olga novo(17)
pedro mexia(5)
pedro tamen(4)
sophia mello breyner andressen(7)
sylvia beirute(11)
tiago araujo(5)
yolanda castaño(10)
leitores amigos
leituras minhas
leituras interrompidas