Segunda-feira, 31 de Outubro de 2011
pegadas en espinho

 

as pegadas onte
espinho solpor e noite

pasando o minho
o douro pasando
chegamos a espinho

á beira do aberto ferido mar
abertas palabras no solpor
da galiza e portugal

q de vian cadernos en espinho
o setimo andar a porta verde
pegadas que andan cara o sul
deste tempo ben conscientes

imaxes e textos das munditaçôes
moitas espiñas temos cravadas
ai espinho nas nosas terras atlanticas
ai irmâos polas tribos separadas

 

***

 

manolo pipas

 

*

 


lido em: http://www.envolventesaspalabras.info/

publicado por carlossilva às 09:59
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Sábado, 29 de Outubro de 2011
staccato

 

A estranheza

e a morosidade

tingidas

 

aqui e ali

de alguma réstia

de deslumbre

 

dizem que

dizem que

viver é isso

 

a verdade é

não sei

não sei mesmo

 

mas algo me diz

a ser

a ser mesmo

 

assim

não me admirava

nada

 

***

 

rui caeiro

 

(vila viçosa, 1943)

 

*


lido em: Público

publicado por carlossilva às 12:21
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Sexta-feira, 28 de Outubro de 2011
voz de leonard cohen

 

 

(e=55)

 

queremos tudo de bom para o poeta

paisagens simples e eloquentes
rapazes que por lá passeiam como um feitiço involuntário
e o vento.......................................
que é uma teia de aranha
mas a contrario
insinuando em todas as coisas
(ao princípio de algum tempo)
o desejo de sair do sítio

também uma biblioteca de sóis
que a leitura torna noite ou ficção
as mais subtis lérias científicas
o décimo terceiro mês
e o subsídio de férias

[tudo
para que o poeta chegue à boca de cena
e
caso seja essa a sua verdade
diga que não é feliz]

 

***

 

pedro ludgero

 

*


lido em: http://cabodaboatormenta.blogspot.com/

publicado por carlossilva às 11:45
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Quinta-feira, 27 de Outubro de 2011
a man, esta man que te procura

 

A man, esta man que te procura
debuxa o lento amañecer sobre o teu corpo,
a mesma man que onte á noite un a un
baixou os doces degraus da tua camisa,
descorreu a cortina do artifício,
puxo o tempo a brillar na tua pel
e no teu sexo, agora tan sereo.
A man, esta man, conten-no todo,
o balcón do teu dormir sobre o meu leito,
o teu soño de onte e de desexo
e a selva de mañá, a incógnita, a cegueira.
Ela fabrica o teu molde desde o saúdo
con que te vin perto de min por vez primeira,
co tacto doutros corpos e os seus buques
de adeuses, guerras, leviandades
xoguetes rotos de risas desafiadas
De ti recebe o gozo de mover-se, esta man,
artesá da matéria dunha vida
e tamén do vacio impreso en lume
con que te volverá a formar despois, no frio.

***

 

luisa villalta

 

*


lido em: http://www.aelg.org/Centrodoc/GetPageById.do?id=obra223&form

publicado por carlossilva às 12:54
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Quarta-feira, 26 de Outubro de 2011
o medo


Se vou e me desprendo de adobíos
qué ficará senón tanta nudez,
ao leu irán tripando os sentimentos
a esfera do amargo,
o berro inútil.
Se vou e me descobren e me rendo
cun mollo de afectos-tesouro pendurados
hei volver, de certeza, á matogueira
que me agarda co refuxio e a gorida.


***

 

 

elvira riveiro tobío

 

*


lido em: http://falstaffnabretema.blogspot.com/2008/11/o-medo-de-elvi

publicado por carlossilva às 18:18
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Terça-feira, 25 de Outubro de 2011
gústanche os xogos de imáns, palabra irmá de diamante

 

gústanche os xogos de imáns, palabra irmá de diamante,
gústanche as faces nas pedras
as pirámides e os prismas e a visión da mosca

gústache o que dá voltas arredor dun eixe fixo
un sistema

e cando todo así
sobre todo gústache o que vén de non se sabe
e desimanta o punto fixo
e desacorda e desprisma
e desaparece
e non tivo nome nin lugar
nin traxectoria

 

***

 

estíbaliz espinoza

 

*


lido em: http://www.enfocarte.com/PoesiaGallega/espinoza.html

publicado por carlossilva às 10:52
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Segunda-feira, 24 de Outubro de 2011
lapinha

 

Para a Lorena

 

Às 21h25 a ilha fecha,

o último pássaro metálico

deixando para trás os portões

encerrados das lagoas.

É um tempo de aranhas

esquecidas das teias, aves

suspensas no voo, amigos

que invocam em silêncio as estações

e recordam ainda a Criação,

camada por camada.

 

Sobre os homens desce então

uma redoma de nuvens, que a estrela

única vem selar. Cada um risca

as fronteiras do sonho com sebes

de hortênsias ou muros de basalto,

esperando depois que as três

voltas do milhafre não o surpreendam

entre as espigas altas do mundo.

 

E o medo torna-se subitamente

navegável, mar de minúsculas

e carnudas conchas estendido

a nossos pés, para que possamos

sempre caminhar sobre

as águas.

 

***

 

inês dias

 

(lisboa, 1976)

 

*


lido em: Público
tags:

publicado por carlossilva às 03:33
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Domingo, 23 de Outubro de 2011
abrecartas

 

a chuvia trouxo a violencia consaguínea dos pétalos de camelia, espetando no chan ese refluxo carmesí de sombra no céspede, colleitando un beizo para cada unha dos alxibes do resío e logo, axiña, unha pinga de salaio en cada boca, unha dinastía de soles enferruxados alén dos brazos encarnados, despois ergueuse para soñar máis día  e vestiuse para marchar, tiña unha pegadas no seu van que a abrigaban do medo e abriu a porta do cuarto para deixar atrás a luz e o mel pegañento da palabra, sabía que había de volver, e habia de baer máis e, xa, tarde, decatouse de que adiara a roupa interior, tiña moita presa, a presa que dá irse para volver, baixou de vagar cara á estación, sentiu o bruído do tren e pestanexou amodo cuns intres imprecisos cos ollos abotoándoa dentro, cara dentro, e cando subiu ó vagón sentiu frescas a mans da seca, no colo tiña unhas febras de veludo, unhas follas de herba e a dozura cincenta dos papos nas páxinas dun xornal, pasaba pola segunda estación ata que prender no sono, flash dun misto, alampa, unha fotografia, un fotograma gastando os tempos, e o sorriso aquel que apegaba selos no seu corpo, porque el lle había de apuntar inda que a súa pel xa non fose de papel e deixara tódolos sobres abertos no leito co seu aquel.

 

***

 

xosé maría vila ribadomar

 

*


lido em: fotogramática

publicado por carlossilva às 17:55
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Sábado, 22 de Outubro de 2011
o homem que entrou no meu pulso
 
o homem que entrou no meu pulso mais firme, está agora a subir os degraus intermináveis de uma habitação surda. no relógio-vidro, entre as escadas, começam as horas da paixão. da raiz masculina de uma árvore, que é em parte a coluna viva deste homem, surge a ideia de trabalhar o amor cuidadosamente, para que o leite que passa, de uma árvore a outra, produza folhagem sonoramente verde. quando abre a porta, algures aqui por cima, tem a atenção de se transformar num abraço, antes de progredir à carne iminente. ninguém sabe a dança a que o corpo se suja, se a beleza o fez. toda a pele é uma estrada navegável para quem deseja, e a nudez uma estátua paralela desde os tornozelos até ao pestanejar. se cair uma pedra a toda a altura da casa, ou se o eco de um grito, vindo debaixo, assustar o homem, estará o autor disponível para o converter num acto secundário? neste ponto, o vento tomba incessante o mar de janeiro.

 

***

 

alice macedo campos

 

*

 


lido em: http://partimonio.blogspot.com/

publicado por carlossilva às 02:58
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Sexta-feira, 21 de Outubro de 2011
a serpe - nuvens cerradas

- CÓDICES - NO FUNDO DAS ÁGUAS -

sob a luz inigualável - a argúcia da pedra - no ar - simetria do imponderável -

a serpe - entre as colunas sobrepostas - nuvens cerradas - mapas do anónimo -

baús - telas emolduradas - demónios e peixes - códices - no fundo das águas -

 

***

 

alexandre teixeira neves

 

*


lido em: http://douradaatempera.blogspot.com/

publicado por carlossilva às 02:05
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