Sexta-feira, 19 de Novembro de 2010
a contracorrent

 

 

Buscava el sud per les carreteres del teu cor.

Allà, destrucció i supervivència s’agafaven de la mà

quan em vas venir a buscar

invocant els àngels negres

que cremaven oratoris

al centre mateix de la ciutat del diable,

al bar amb ambientador barat,

on feies discreta màgia blanca

al teu pastís de maria de bruixa consumada.

Si volia el diamant del teu ull

tu em deies que no

i jo et seguia,

renunciava a la deriva,

em perdia en tu.

Dins la teva badia,

nedava de nit,

nedava a contracorrent,

nedava, fatigat, a contracorrent.

 

Eufòric o depressiu

davallava lleuger per sessions nocturnes

amb dones que s’assemblaven a tu,

amb dones que recollien el que jo no sóc.

 

Acosta la daga destra de la passió

a les venes de l’amor juvenil que em regales,

la sang que regalima en aquesta nit on ja no et toco

i digue’m si té sentit aquesta volta

que m’allunya i dispersa,

la duna de temps que no em deixa veure’t

mentre nedo dins la teva badia,

de nit i de dia,

nedant a contracorrent,

nedant, per força, a contracorrent.

 

Els bocinets que recullo per intentar aixecar-me

em repeteixen que el caràcter de l’home és el seu destí,

el trànsit transparent del mar tranquil

des d’on ja no intento ni un suau vers d’amor,

nedant a la a la badia del que creia que eres.

Nedava dins el cristal·lí de la teva mirada,

nedava de nit,

nedava de dia,

nedava a contracorrent,

nedava, per força, a contracorrent.

 

***

david castillo

barcelona, 1961

********************


lido em: http://www.sant-cugat.net/daltabaix/castillo.htm

publicado por carlossilva às 11:33
link do post | comentar | favorito

Quinta-feira, 18 de Novembro de 2010
porque los ojos...

 

Porque los ojos los ensucia el tiempo

Apenas reconoces la luz

De la mañana. Pero a tu puerta

Insiste

La terca claridad.

 

Como perro

Que sabe

 

Que lo que fuera amor

No entiende olvido

 

***

ada salas

cáceres, 1965

 

*****************


lido em: http://www.cervantesvirtual.com/portal/poesia/salas/textos.s
tags:

publicado por carlossilva às 12:40
link do post | comentar | favorito

Quarta-feira, 17 de Novembro de 2010
geografia del silencio

La geografia de mi silencio está

delimitada por

frigorífico, fregadera y horno al norte;

alacena y pierta de la calle al este;

trastero al oeste;

y calendario de paisajes vascos al sur.

 

En el centro crezco, árbol transparente

en una baldosa.

Bajo la baldosa se expande un

abismo,

desestructura donde invernan los

signos huérfanos del lenguaje.

Recuerdan una madeja, el capricho de

un pintor.

Si el viento mesa mi cabeza,

una raíz aflora y trepa hambrienta a mi

regazo,

para que la amamante.

 

Silencio de las cocinas por la mañana,

geografia de la fertilidad.

 

***

miren agur meabe

lekeitio (bizkaia), 1962

 

*********************


lido em: pontepoetica

publicado por carlossilva às 12:52
link do post | comentar | favorito

Terça-feira, 16 de Novembro de 2010
sinto que son cuneiforme e abstracta

 

Asoballada por miles de tumbas

De ananas brancas

As palabras coma puñais

Atravesan a miña capa celular

E sinto que son volátil e ínfima

Como unha bolboreta

a punto de expirar

Nesta transición crepuscular

 

 

 

***

rosanegra

armenteira (galiza), 1974

 

*****************************

 


lido em: Acción Poética

publicado por carlossilva às 15:44
link do post | comentar | favorito

Segunda-feira, 15 de Novembro de 2010
maldito silencio

 

o

son

do

silencio,

cadente,

deixado

ir,

nun

sopro

de

aire,

repousado

nas

axilas

ao

estendelo

coxis,

alzar

os

dedos

cara

o ceo,

e

deixalos

caer

na terra

como cravos,

en silencio.

salgados corpos desfanse na auga doce

das duchas domesticas, para irse entre

o vapor pola venta e ser absorbidos

polos raios de sol nun atardecer de

setembro un pouco antes de San Quintin.

as

almas

desfilan

en silencio

a

un palmo

da

túa

nariz

tódalas

noites

mentres durmes,

son incapaces de facer ruído,

non vaia a ser que rompan o teu silencio.

Amar en silencio e padecer en

soidade.

 

***

enrique leirachá gutiérrez

 

**************************


lido em: Acción Poética

publicado por carlossilva às 19:35
link do post | comentar | favorito

Domingo, 14 de Novembro de 2010
os zapatos baleiros na rúa

 

Quizais esqueceron as avenidas percorridas

ao loongo do tempo

e fican sós, nos escuros corredores do illamento

As secuencias sotérranse nesta necrópole

que habita nos internos ocos da pedra, pedra núa

cando xea, posúe na face agónica a friaxe da morte

onde non parece existir un destino immediato

Semella que parou o tempo

e o son dun Nocturno incorpórase

nas lousas asolagadas das beirarrúas

 

Hai uns zapatos baldeiros na rúa

e morren sós, desposuídos de identidade

rotos, no abandono

 

***

cruz martínez vilas

armenteira (galiza), 1960

 

****************************


lido em: Acción Poética

publicado por carlossilva às 15:29
link do post | comentar | favorito

Sábado, 13 de Novembro de 2010
o vaso de auga rosa

 

Amor é un extravío de galernas,

unha agulla espiral de materias que ferven.

 

Amor foi chegar ti subitamente

ao calexón de escoura

por onde eu pervagaba

levado polo vento de pés fríos.

 

Pero tamén amor

é o vaso de auga rosa

que traes para curarme de aflicción,

raiña do quinteiro da alegria.

 

***

xosé maría álvarez cáccamo

vigo, 1950

 

************************


lido em: A Escrita das Aves de Marzo

publicado por carlossilva às 11:00
link do post | comentar | favorito

Sexta-feira, 12 de Novembro de 2010
quando o silêncio reverdece

 

Ter-te-ei no pensamento por muitos anos,

ó corpo que eu igualei à flor da esteva,

bravia mas crescente, flor fecunda

quando o silêncio reverdece.

 

Não me peçam palavras de palavras

ou corpo rarefeito, som estéril.

Fiz um contrato com o vento oeste;

o meu espanto provi-o de asas suficientes.

 

Vou contigo no absurdo de existires,

mas sei que vou, hasteando a minha culpa

de não ser bem digno dos olhos

que se habituaram à companhia dos outros.

 

Detesto o isolamento como princípio,

porque vivo em comunidade.

Quando me bloquearem os olhos,

começa por favor a tecer uma estrela.

 

Gosto das noites quentes da minha terra,

quando os lavradores sonham coisas impossíveis.

Gosto de ti, porque me enraiveces

e fazes clamar, embora no deserto.

 

Fiz um contrato com o vento oeste.

Empresta-me o teu olhar de flor bravia.

Alguma coisa hei-de ter de novo,

quando o silêncio reverdece.

 

***

antónio cabral

castedo do douro, 1931 - 2007

 

******************************


lido em: quando o silêncio reverdece

publicado por carlossilva às 12:00
link do post | comentar | favorito

Quinta-feira, 11 de Novembro de 2010
não deveríamos mostrar-nos tão críticos

 

Não deveríamos mostrar-nos tão críticos

Entre o sim e o não

Não há tanta diferença como isso.

Escrever numa folha em branco

É bom

Mas não menos bom é dormir e comer à noite

A água fresca sobre a pele o vento

Os fatos bonitos

O ABC

Defecar.

Falar de corda em casa de enforcado

É contrário à boa educação

E marcar no meio do lixo

Uma nítida diferença entre

A argila e o esmeril

Não parece conveniente.

Ah,

E o que fizer alguma ideia

Do que é um céu estrelado

Esse

Pode muito bem calar o bico.

 

***

bertolt brecht

augsburg, 1898 — 1956

 

**************************

 


lido em: poemas

publicado por carlossilva às 20:23
link do post | comentar | favorito

Quarta-feira, 10 de Novembro de 2010
posições

 

O tigre trepando a montanha

Colhendo lótus   lótus em botão

A rapariga de jade tocando flauta

Duas andorinhas um só coração

 

Como peixes expondo as guelras

Como peixes friccionando as escamas

Como peixes olhando-se nos olhos

Se entrelaçam os bichos da seda

 

Duas borboletas em salto mortal

Procurando o bambu fragante

Brinca na água um casal de patos

 

Disparando flechas enquanto galopa

Um homem nu   uma mulher nua

A conjunção do sol e da lua

 

***

jorge sousa braga

vila verde (braga), 1957

 

*************************


lido em: A Ferida Aberta

publicado por carlossilva às 18:39
link do post | comentar | favorito

mais sobre mim
agenda
18 de abril 2013 19 de abril 2013
Junho 2013
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
14
15

18
19
20
21
22

23
24
25
26
27
28
29

30


posts recentes

fogo e água

pára-me de repente o pens...

si digo mar

infância

trapo de voz representa o...

nana para gatos a punto d...

sou uma coluna crematória

dois poemas

nacín vello de máis

uelen

arquivos

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

tags

a m pires cabral(4)

adelia prado(5)

adilia lopes(8)

al berto(6)

alba mendez(4)

albano martins(4)

alberte moman(8)

alberto augusto miranda(9)

alexandre teixeira mendes(11)

alfonso lauzara martinez(8)

alice macedo campos(13)

alicia fernandez rodriguez(5)

almada negreiros(4)

amadeu ferreira(8)

ana luísa amaral(6)

ana marques gastao(4)

andre domingues(5)

andreia carvalho(4)

antonio barahona(5)

antonio cabral(5)

antonio gedeao(5)

antonio ramos rosa(7)

anxos romeo(4)

ary dos santos(5)

augusto gil(4)

augusto massi(4)

aurelino costa(11)

baldo ramos(6)

bruno resende(5)

camila vardarac(9)

carlos drummond de andrade(5)

carlos vinagre(13)

cesario verde(4)

concha rousia(4)

cristina nery(5)

cruz martinez(9)

daniel filipe(5)

daniel maia - pinto rodrigues(4)

david mourão-ferreira(6)

elvira riveiro(8)

emma couceiro(4)

estibaliz espinosa(7)

eugenio de andrade(8)

eva mendez doroxo(8)

fatima vale(10)

fernando assis pacheco(4)

fernando pessoa(5)

fiamma hasse pais brandão(5)

florbela espanca(7)

gastão cruz(5)

helder moura pereira(4)

ines lourenço(6)

iolanda aldrei(4)

jaime rocha(5)

joana espain(10)

joaquim pessoa(4)

jorge sousa braga(6)

jose afonso(5)

jose carlos soares(4)

jose gomes ferreira(4)

jose luis peixoto(4)

jose regio(4)

jose tolentino mendonça(4)

jussara salazar(6)

luis de camoes(5)

luisa villalta(4)

luiza neto jorge(4)

maite dono(5)

manolo pipas(6)

manuel alegre(6)

manuel antonio pina(8)

maria alberta meneres(5)

maria do rosario pedreira(5)

maria estela guedes(7)

maria lado(6)

maria teresa horta(5)

marilia miranda lopes(4)

mario cesariny(5)

mia couto(8)

miguel torga(4)

nuno judice(8)

olga novo(17)

pedro ludgero(7)

pedro mexia(5)

pedro tamen(4)

raquel lanseros(9)

roberta tostes daniel(4)

rosa enriquez(6)

rosa martinez vilas(8)

rosalia de castro(6)

rui pires cabral(5)

sophia mello breyner andressen(7)

suzana guimaraens(5)

sylvia beirute(11)

tiago araujo(5)

valter hugo mae(5)

vasco graça moura(6)

virgilio liquito(5)

x. m. vila ribadomar(6)

yolanda castaño(10)

todas as tags

links
pesquisar
 
blogs SAPO
subscrever feeds
Em destaque no SAPO Blogs
pub