De pé, ofegante, apareci à ponta do passadiço, perpendicular à praia.
Entranhei-me, paulatinamente, no areal até às espumas e às estrelas espremidas,
sem luar à vista.
Em flash, evoquei como em criança (e ainda adolescente),
durante a viagem da manhã de autocarro para a escola,
me apetecia abraçar toda a paisagem que os olhos conseguissem alcançar
e tinha vergonha que me lessem os sentimentos naquele mirar aéreo e excessivo.
Lá, no passadiço, não foi a minha pequenez,
face à (in)finidade daquele oceano e firmamento,
que me resgatou
: foram as respirações completas [simultâneas] com tudo o que ali respirava.
Imissa e simbiótica respirava.
Reergui-me
– Órgão da Paz –
perplexa, diáfana, incomensurável,
muito além das traves de madeira que pareciam suster-me os pés.
E devo ter sido feliz, porque não tenho memória de SER tão inteiramente livre,
livre até de mim,
sobretudo quando, subitamente, compreendi que aquele
Silêncio
de brisa em brandas ondas nocturnas e aromas a flora de dunas primaveris
era, afinal, tão importante e pleno de budeidade
como o trash-metal, a bombar toda a tarde, do meu vizinho do 1º andar.
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suzana guimaraens
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