O mundo talvez esteja fora do mundo, aí nos encontramos.
Dispomos os pertences, esperamos tranquilidade,
a nossa viuvez que se esconde no seu negrume.
A casa está no entanto assombrada,
como se isso importasse. O fantasma sou apenas
eu quem o vejo e ouço, menos medo que altercações,
como o soalho que estala nas noites ou as vagas assustadiças.
Com o tempo o intruso, que é também o dono antigo,
é apenas mais como nós, mais um fantasma apaixonado.
Um fantasma com piedade, que não nos expulsa
mas que vai ditando, com todas as letras, a sua narrativa,
feita nossa, e que talvez, como um espectro, nos salve.
***
Pedro Mexia - 1972
Lisboa
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