Houve tempos
Em que a mão erguia uma lanterna
E a noite se afastava um pouco, devagar.
Não se anulava.
A noite e o dia abriam sulcos para o silêncio como um rio
E a nosso lado caminhava sempre um espaço aberto.
Eu não recordo mas dizem
Que partíamos e voltávamos à casa
como o sangue parte e volta ao coração.
Mar não havia
Mas pisávamos violetas.
A cama em que dormíamos era a do parto e a da morte,
O pão era solene
E a aurora familiar.
Nossos corpos então eram como jacintos
Vindos da terra lenta,
Lentos sob o abraço do linho.
O amor era tão longo -
Tão curto o desvario.
Ah dêm-nos de novo
Aqueles corpos ignorantes e densos
E ouvidos para o silêncio
E boca para acreditar.
***
Maria da Saudade Cortesão
*********************************
adelia prado(5)
adilia lopes(8)
al berto(6)
alba mendez(4)
anxos romeo(4)
augusto gil(4)
aurelino costa(11)
baldo ramos(6)
carlos vinagre(13)
daniel maia - pinto rodrigues(4)
fatima vale(10)
gastão cruz(5)
jaime rocha(5)
joana espain(10)
jose afonso(5)
jose regio(4)
maite dono(5)
manolo pipas(6)
maria lado(6)
mia couto(8)
miguel torga(4)
nuno judice(8)
olga novo(17)
pedro mexia(5)
pedro tamen(4)
sophia mello breyner andressen(7)
sylvia beirute(11)
tiago araujo(5)
yolanda castaño(10)
leitores amigos
leituras minhas
leituras interrompidas