Alta pálida tenebrosa ardente,
trazida por um profundo vento
era a figura de um violento esplendor
que atravessara o carvão da morte.
O ouro das suas coxas planetárias
estilhaçava os espelhos e os quadros
e a serpente que se enroscava na sua cintura de guitarra
tinha a túmida lentidãode um vegetal incandescente.
Os seus ondulantes flancos de montanha
rasgavam o espaço como um barco de basalto.
O odor do seu sexo era negro e roxo como o do mosto
e as narinas de égua sorviam o ar ácido.
Ela beijou-me a boca com a violência fulgurante
de uma anelante pantera e eu senti que descia
a um abismo de fogo e de oscilantes trevas.
***
António Ramos Rosa
********************************
adelia prado(5)
adilia lopes(8)
al berto(6)
alba mendez(4)
anxos romeo(4)
augusto gil(4)
aurelino costa(11)
baldo ramos(6)
carlos vinagre(13)
daniel maia - pinto rodrigues(4)
fatima vale(10)
gastão cruz(5)
jaime rocha(5)
joana espain(10)
jose afonso(5)
jose regio(4)
maite dono(5)
manolo pipas(6)
maria lado(6)
mia couto(8)
miguel torga(4)
nuno judice(8)
olga novo(17)
pedro mexia(5)
pedro tamen(4)
sophia mello breyner andressen(7)
sylvia beirute(11)
tiago araujo(5)
yolanda castaño(10)
leitores amigos
leituras minhas
leituras interrompidas