(Na praia. O menino aprende a linguagem das nuvens.)
Aquela nuvem
parece um cavalo ...
Ah! se eu pudesse montá-lo!
Aquela?
Mas já não é um cavalo,
é uma barca à vela.
Não faz mal.
Queria embarcar nela.
Aquela?
Mas já não é um navio,
é uma Torre Amarela
a vogar no frio
onde encerraram uma donzela.
Não faz mal.
Quero ter asas
para espreitar da janela.
Vá, lancem-me no mar
donde voam as nuvens
para ir numa delas
tomar mil formas
com sabor a sal
- labirinto de sombras e de cisnes
no céu de água-sol-vento-luz concreto e irreal ...
José Gomes Ferreira
Poesia IV
Portugália Editora - Lisboa
1971 - 2ª edição
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