Quinta-feira, 23 de Abril de 2009
e atravesados pola barriga

 

 

E atravesados pola barriga
Ela e eu
Morremos xuntos cada mes
Como se a cera das rúas
Estivese máis mesta
E os barcos afundisen
Baixo a pel das grúas.

 

Explícame sen ferirme
O tránsito do deserto
Cantos son os nenos
Que morreron nos portais
Deixándose os labios
Baleiros de memoria
Cantos son os animais que nos quedan
E quen nos roubou o abecedario dos ollos.

 

Cántame outra vez a canción da balea
Mentres absorbes o rastro do meu nome
Mentres me enches o lombo de cristais
E o corazón constrúese

No latexo oposto.

 

Dime se se pode medir
A distancia que separa
A túa boca do meu ventre
O cemiterio de peixes
Onde habitan as algas
O lugar exacto dos corpos
Onde nos matamos cada vez
Mais xuntos.

 

Arríscame os brazos
As medusas
Ó xogo da pedra
Doéme a hora en punto en que nacemos
E se me quedan ondas
Quizais entre as dúas pernas.

 

Atravésame unha e outra vez
O camiño da néboa
O código de luces dos faros
Cando o palangre ole ós restos da suor
E os homes traen
O que lles deixa a fame.

 

Acálame a voz
Da cidade e dos adornos
Os parques visitados con anaquiños de miga
Onde os cisnes dormen
Para non voar máis lonxe.

 

Atravésame unha e outra vez
Polas entranas da carne
Falándome os teus ollos
Dos deuses e das algas
De cantos son os que ficaron
Apreixados nas dunas
E se me quedan forzas
Para regresar ás veces.

 

Tócame o teu núcleo
Da porta para dentro
Nas xanelas de enfronte
A penas nos recordan
E podemos xuntos mastigar sen presas
O aire irrespirable do bordel.

 

Sobre o leito
O vento se divide
E ti me pasas a dolor
Das árbores das rochas e da casa

 

Descifras a marea nun vaso de Vodka

 

Hoxe non viches como amencía
Foi bonito

 

Hoxe non viches como amencía
E foi bonito.

 

***

Estevo Creus (1971)

Cee - A Coruña (Galiza)

 

 

*****************************************

 

E atravessados pela barriga
Ela e eu
Morremos juntos cada mes
Como se a cera das ruas
Estivesse mais espessa
E os barcos afundassem
Sob a pele das gruas.

 

Explica-me sem ferir-me
O trânsito do deserto
Quantas são as crianças
Que morreram nos portais
Deixando os lábios
Vazios de memória
Quantos são os animais que nos restam
E quem nos roubou o abecedário dos olhos.

 

Canta-me outra vez a canção da baleia
Enquanto absorves o rasto do meu nome
Enquanto me enches o lombo de cristais
E o coração se constrói

No latido oposto.

 

Diz-me se se pode medir
A distância que separa
A tua boca do meu ventre
O cemitério de peixes
Onde habitam as algas
O lugar exacto dos corpos
Onde nos matamos cada vez
Mais juntos.

 

Arrisca-me os braços
As medusas
Ao jogo da pedra
Dói-me a hora em ponto em que nascemos
E se me restam ondas
Quiçá entre as duas pernas.

 

Atravessa-me uma e outra vez
O caminho da névoa
O código de luzes dos faróis
Quando o palangre cheira aos restos de suor
E os homens traem
O que lhes deixa a fome.

 

Cala-me a voz
Da cidade e dos adornos
Os parques visitados com pedacinhos de pão
Onde os cisnes dormem
Para não voar mais longe.

 

Atravessa-me uma e outra vez
Pelas entranhas da carne
Falando-me os teus olhos
Dos deuses e das algas
De quantos são os que ficaram
aprisionados nas dunas
E se me restam forças
Para regressar às vezes.

 

Toca-me o teu núcleo
Da porta para dentro
Nas janelas de frente
Apenas nos recordam
E podemos juntos mastigar sem pressas
O ar irrespirável do bordel.

Sobre o leito
O vento se divide
E tu me passas a dor
Das árvores das rochas e da casa

 

Decifras a maré num copo de Vodka

 

Hoje não viste como amanhecia
Foi bonito

 

Hoje não viste como amanhecia
E foi bonito.

 

[trad: cas]



publicado por carlossilva às 08:21
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