E atravesados pola barriga
Ela e eu
Morremos xuntos cada mes
Como se a cera das rúas
Estivese máis mesta
E os barcos afundisen
Baixo a pel das grúas.
Explícame sen ferirme
O tránsito do deserto
Cantos son os nenos
Que morreron nos portais
Deixándose os labios
Baleiros de memoria
Cantos son os animais que nos quedan
E quen nos roubou o abecedario dos ollos.
Cántame outra vez a canción da balea
Mentres absorbes o rastro do meu nome
Mentres me enches o lombo de cristais
E o corazón constrúese
No latexo oposto.
Dime se se pode medir
A distancia que separa
A túa boca do meu ventre
O cemiterio de peixes
Onde habitan as algas
O lugar exacto dos corpos
Onde nos matamos cada vez
Mais xuntos.
Arríscame os brazos
As medusas
Ó xogo da pedra
Doéme a hora en punto en que nacemos
E se me quedan ondas
Quizais entre as dúas pernas.
Atravésame unha e outra vez
O camiño da néboa
O código de luces dos faros
Cando o palangre ole ós restos da suor
E os homes traen
O que lles deixa a fame.
Acálame a voz
Da cidade e dos adornos
Os parques visitados con anaquiños de miga
Onde os cisnes dormen
Para non voar máis lonxe.
Atravésame unha e outra vez
Polas entranas da carne
Falándome os teus ollos
Dos deuses e das algas
De cantos son os que ficaron
Apreixados nas dunas
E se me quedan forzas
Para regresar ás veces.
Tócame o teu núcleo
Da porta para dentro
Nas xanelas de enfronte
A penas nos recordan
E podemos xuntos mastigar sen presas
O aire irrespirable do bordel.
Sobre o leito
O vento se divide
E ti me pasas a dolor
Das árbores das rochas e da casa
Descifras a marea nun vaso de Vodka
Hoxe non viches como amencía
Foi bonito
Hoxe non viches como amencía
E foi bonito.
Estevo Creus (1971)
Cee - A Coruña (Galiza)
*****************************************
E atravessados pela barriga
Ela e eu
Morremos juntos cada mes
Como se a cera das ruas
Estivesse mais espessa
E os barcos afundassem
Sob a pele das gruas.
Explica-me sem ferir-me
O trânsito do deserto
Quantas são as crianças
Que morreram nos portais
Deixando os lábios
Vazios de memória
Quantos são os animais que nos restam
E quem nos roubou o abecedário dos olhos.
Canta-me outra vez a canção da baleia
Enquanto absorves o rasto do meu nome
Enquanto me enches o lombo de cristais
E o coração se constrói
No latido oposto.
Diz-me se se pode medir
A distância que separa
A tua boca do meu ventre
O cemitério de peixes
Onde habitam as algas
O lugar exacto dos corpos
Onde nos matamos cada vez
Mais juntos.
Arrisca-me os braços
As medusas
Ao jogo da pedra
Dói-me a hora em ponto em que nascemos
E se me restam ondas
Quiçá entre as duas pernas.
Atravessa-me uma e outra vez
O caminho da névoa
O código de luzes dos faróis
Quando o palangre cheira aos restos de suor
E os homens traem
O que lhes deixa a fome.
Cala-me a voz
Da cidade e dos adornos
Os parques visitados com pedacinhos de pão
Onde os cisnes dormem
Para não voar mais longe.
Atravessa-me uma e outra vez
Pelas entranhas da carne
Falando-me os teus olhos
Dos deuses e das algas
De quantos são os que ficaram
aprisionados nas dunas
E se me restam forças
Para regressar às vezes.
Toca-me o teu núcleo
Da porta para dentro
Nas janelas de frente
Apenas nos recordam
E podemos juntos mastigar sem pressas
O ar irrespirável do bordel.
Sobre o leito
O vento se divide
E tu me passas a dor
Das árvores das rochas e da casa
Decifras a maré num copo de Vodka
Hoje não viste como amanhecia
Foi bonito
Hoje não viste como amanhecia
E foi bonito.
[trad: cas]
adelia prado(5)
adilia lopes(8)
al berto(6)
alba mendez(4)
anxos romeo(4)
augusto gil(4)
aurelino costa(11)
baldo ramos(6)
carlos vinagre(13)
daniel maia - pinto rodrigues(4)
fatima vale(10)
gastão cruz(5)
jaime rocha(5)
joana espain(10)
jose afonso(5)
jose regio(4)
maite dono(5)
manolo pipas(6)
maria lado(6)
mia couto(8)
miguel torga(4)
nuno judice(8)
olga novo(17)
pedro mexia(5)
pedro tamen(4)
sophia mello breyner andressen(7)
sylvia beirute(11)
tiago araujo(5)
yolanda castaño(10)
leitores amigos
leituras minhas
leituras interrompidas