A mosca prepara cuidadosamente o momento da morte
e uma pedra amnésica recolhe-se a meio do abismo,
enquanto o canastro de argila se desfaz
em todos os segundos.
A velhice entra-nos pelo quarto,
como um parente indesejado
e um pedaço de céu purpurino desaba
sobre o último verso vivo que permanecia na estante.
De nada me adianta continuar a calar a solidão
no interior das palavras
se o sangue que ainda me resta
está ocupado a irrigar o passado.
Nada a fazer: a paisagem adormece
debaixo do musgo que arde pelas imensas memórias
e o palco prepara sozinho o último cenário,
quando os artistas anunciam o fim da peça.
***
sara costa
*
adelia prado(5)
adilia lopes(8)
al berto(6)
alba mendez(4)
anxos romeo(4)
augusto gil(4)
aurelino costa(11)
baldo ramos(6)
carlos vinagre(13)
daniel maia - pinto rodrigues(4)
fatima vale(10)
gastão cruz(5)
jaime rocha(5)
joana espain(10)
jose afonso(5)
jose regio(4)
maite dono(5)
manolo pipas(6)
maria lado(6)
mia couto(8)
miguel torga(4)
nuno judice(8)
olga novo(17)
pedro mexia(5)
pedro tamen(4)
sophia mello breyner andressen(7)
sylvia beirute(11)
tiago araujo(5)
yolanda castaño(10)
leitores amigos
leituras minhas
leituras interrompidas