Segunda-feira, 30 de Novembro de 2009
albisco a noite ao meu carón

 

Albisco a noite ao meu carón

Semella un neno xogando

Tirándome do pelo

Coma un fetichemáis

Na fiestra amarela

Reflicte a sombra fantasmal

Que ninguém coñece

Agás a soidade

O coche azul que está

Aparcado na miña memoria

Segue un proceso esperanzador

De loita e medos

A ave do ceo non sabe

O que adormece nas mentes

Duns bípedes monos

En evolución

 


****

Rosa Martínez Vilas

Armenteira (1974)

 

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publicado por carlossilva às 04:13
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Sábado, 28 de Novembro de 2009
das altas fendas

 

As miñas mentiras parvas,

tra-lo vertixe o nome do engano,

tamén tralo seductor perfume

dunha verba inocente calquera

as altas fendas

 

E cando menos o esperas

transitar camiños empedrados

na busca do acougo

dalgunha tristeza.

 

***

 

Abílio Rodríguez

Viigo - 1974

 

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lido em: a porta verde do sétimo andar

publicado por carlossilva às 18:21
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Sexta-feira, 27 de Novembro de 2009
posúe unha estraña impavidez

 

no róseo lenzo, acastañado
está apreixada na soidade
do xeométrico labirinto
mediata a un negro burato
que se pendura dunhas nubes violáceas
Suca lutuosa a delimitada atmosfera

O ser séntese afectado de acrofobia
e coida que é un cicindélido
a piques de ser exterminado 

 

***

Cruz Martinez

 

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lido em: http://noollardunbufoverde, blogspot.com

publicado por carlossilva às 15:03
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Quinta-feira, 26 de Novembro de 2009
poesia visual: deus

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***

Lois Gil Magariños

Pontecesures, Galiza

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lido em: contradicións

publicado por carlossilva às 01:54
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Quarta-feira, 25 de Novembro de 2009
o desejo afrontou os passeantes

 

o desejo afrontou os passeantes

os tão melancólicos

sorriam para o carro fúnebre

 

e despiam olhares finos

sobre o féretro

 

-pomba lúcida num desmesurado cansaço

posando para a eternidade

 

de encontro ao muro a urina dourada

de um burro

 

a compasso

o lastro dos santos

incomoda

 

no cilício do afecto

medra um gato

 

-sina de presbítero

este condão de adormecer para o mundo

 

sob o lajedo

um cão cata-se

 

***

Aurelino Costa

Argivai (Póvoa de Varzim) - 1956

 

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lido em: Na terra de Genoveva

publicado por carlossilva às 02:47
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Segunda-feira, 23 de Novembro de 2009
clâmide de púrpura

 

Ante o corpo devastado indaguei a noite
Sobre as grandes catedrais
Apaziguei a dor
À procura dos sinais funestos
Retomei o que enlouquece
Do céu desceu um clâmide de púrpura
A pedra perene da levitação
A voz do anjo
Se esvai perpassada de ecos
Sombras e dilúvios

 

***

Alexandre Teixeira Mendes

 

************************************

 


lido em: http://douradaatempera.blogspot.com/

publicado por carlossilva às 09:25
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Domingo, 22 de Novembro de 2009
o impulso da lâmina

 

gravito uniões à chama claustrofóbica
gradeada desintegração por pulso impulsivo
ventanias opiáceas rarefazem visionárias
trémulas à tepidez
faísca insónia às invisibilidades do cárcere
ente impotente desvanecente de silêncio

estrelas com vultos avultam-se
ganchos naufragam à aridez
por sonâmbula hemorragia
implodido tempo à farpa coloidal
e
confundo lâminas às mangas
gorgolejo por sombras liquefeitas
luminescem vermelhos

inominável penetrado às raízes
adorno por caótica progenitura
porque as lanças lampejam
dóceis formas de morrer
em consequência de infinitude
gravei êxtases em chuviscos
porque se nada no esgoto
e
a delinquência enraivece

laminei horizontais nas nádegas
farpados astros rasgados de céu
adorno ao negro veludo
rasguei estrelas cadentes
e
escorri seivas aos cometas
rendilhada epiderme
massajada pela lápide

 

***

bruno resende

 

*************************

 



publicado por carlossilva às 19:19
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Sábado, 21 de Novembro de 2009
cala-te!

 

A vida, esse livro do ser
Lê-se em silêncio.
Mestre, oficia o rito
Que eu apenas respondo ao salmo,
E no resto
Nem respiro.

 

O silêncio é uma arma de três gumes
Que usamos diariamente
Para calar amarguras
Ou saltando como pumas:
Cala-te! Porque não te calas?

 

A vida, esse livro do ser
Lê-se em silêncio. 

 

E a outros, se falam, um punhal
Corta sem hesitar a garganta:
Ou silêncio ou morte!
Não o sabias? Então de que te espantas? 

 

Nada incomoda mais que as ciciantes
Preces, as dos que querem ser lidos
Como revistas de moda,
As dos que sabem tudo, tudo censuram,
A todos desautorizam, em altos gritos  de arara. 

 

Cala-te! Porque não te calas, charlatão? 

 

Silêncio, que estou a cantar o fado…
Muito barulho fazeis por coisa de nada
E nada em boa justiça se aplica
Aos que bem mereciam a cadeia. 

 

Nem é a autoridade dos que governam impérios
Com a pressão das armas e do dinheiro
A que mais nos ofende com censura
Sim o seu miniatural espelho
De quem nenhuma obra ousou,
Além de poluir o silêncio com mentira.
À luz da nossa vida pessoal, quem mais nos cala
É quem está mais próximo
Mas esse, porque proclama sem cadeira,
Feitos nem actos,
Por excessiva frioleira, mandemo-lo calar
Pois pouco existe, é só fala-barato. 

 

Abençoados os que se calam
A ouvir.
É preciso sabedoria para reconhecer
Que ignoramos
E que outros no seu dizer
Revelam alguma mestria. 

 

Falem-me em silêncio, na língua da erva
Ou na mais cantarolante dos regatos
E das aves que fazem estrugir as folhas secas
Quando as fêmeas se enamoram
Ao ver as danças dos machos. 

 

A vida, esse livro tremendo,
Representa-se devagar,
Em cenário nocturno
Cortado pelo brilho da lua e pelo
Visionar da coruja.
Mais nada é preciso para tocar o astro
Excepto silêncio e cordura.

 

***

Maria Estela Guedes

 

******************************

 



publicado por carlossilva às 13:47
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Sexta-feira, 20 de Novembro de 2009
a silandeira



...e non di nada,
desaparece no límite das palabras.

Para coller o seu pulso de imán,
para capturalo,
é necesario non volver atrás,
esquecer a textura da memoria.
(Os que calan
pintan o silenzo cos dedos,
xogan co impacto que se produce na cabeza
xusto cando todo se revolve nas entrañas)
E cala,
nada di porque nada sabe.
Só escoita,
mira,
pasa as mans
polos bordes da ausenza.
E vaise,
desaparece detrás da brétema,
silandeira.

 

***

 

Rosa Enriquez

A Rúa (Galiza)

 

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publicado por carlossilva às 03:01
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Quinta-feira, 19 de Novembro de 2009
a brisa que és


Ouve as ondas do mar que explodem em mim.
Escuta a forma como desvanecem, tocando a minha pele.
A escuridão está grávida de luz.
O teu cabelo baloiça junto a mim.

Às vezes és chuva imensa que me dá vida.
Às vezes és a chuva que cai, como o direito que tens.
És assim para mim.
A tua luz toca-me, como se fosse essência cristalina a circular no meu interior.
Essa essência envolve-me na tua ligação comigo.

Se o teu barco respira. Se respira para mim.
Esperarei por ti de coração aberto. O olhar fixo no azul profundo.
Até que o vento te traga até mim.

O desejo traz-te para casa.

 

***

Sara L. Miranda

(1984)

 

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publicado por carlossilva às 03:35
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